quinta-feira, 18 de junho de 2009
A Criminalidade em cores
No Brasil, 92% dos estudantes das universidades públicas são brancos. E 88% da população carcerária é negra. Se ainda se classifica com uma violência psicológica, é preciso rever esse conceito. Arealidade das universidades e dos presídios brasileiros pode ser vista como uma materialização do racismo, em sua expressão mais evidente, No Brasil, o negro que vira a esquina à noite, que usa boné e calcas largas, desperta medo. A criminalidade do povo negro no pais se dá desde a mídia, que costuma escolher os vilões pela cor, até o sistema penal que vitimiza o jovem negro num índice 85.3% superior ao branco.
Wagner tem 18 anos. Curte hip hop e é artista, faz grafite. Desde que entrou na faculdade, tem muitas dificuldades. Mora longe do ponto de ônibus. Está trabalhando, mas gasta todo o seu dinheiro com as passagens. Não tem grana pra pagar o almoço na faculdade; são R$ 4.75! As cópias são muito caras e os livros um pouco mais que o dobro do seu salário. Entrou na faculdade por milagre, no dizer de sua mãe. Na real, ele sabe que não tem nada de milagre. Entou poruqe estudou muito e conseguiu bolsa intergral.
Esses dias, Wagner chegou com uma cara feia na sala de aula e narrou-nos o seguinte fato: " Eu estava chegando no portão da faculdade, bem tranquilo. Levei o maior susto quando alguém puxou com força a minha mochila. Era o segurança. Me virei, olhei para cara dele e perguntei o que ele queria. Fui até educado. E o cara me pegou pela gola:
- Oque tu qué aqui piveta? Não vê que esse lugar não é pra ti? Te manda!
A sorte é que eu tava com a carteirinha estudantil na mão. Mostrei pra ele, disse que era estudante. Ele ficou sem saber o que fazer, dizer.... Cara, até quando a vai ter que aguentar essa presão porque somos negro? Por que a faculdade é lugar de branco e ricos e a prisão que é lotada de negro pobre? Que diferença a gente tem?
Matéria publicada pela Revista Mundo Jovem, ano 47, nº 395, abril de 2009.
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